sábado, 12 de dezembro de 2009

O QUE É O NATAL PARA UM ESPERTO MENINO DE RUA?

Eu, menino, sentado na calçada, sob um sol escaldante de uma nova manhã, observava a movimentação das pessoas em volta, e tentava compreender o que estava acontecendo.
Que é o Natal? Perguntava-me, em silêncio. Eu, menino, ouvira falar que aquele era o dia em que Papai Noel, em seu trenó puxado por renas, cruzava os céus distribuindo brinquedos a todas as crianças. E por que então, eu, que passo a madrugada ao relento nunca vi o trenó voador e já estamos na véspera de mais um Natal? Onde estão os meus presentes? Há, o Natal não é isso. Esta deve a estória que contam para crianças menores que eu.
Talvez fosse um dia especial, em que as pessoas abraçassem seus familiares e fossem mais amigas umas das outras. Mas então por que eu, sentado no meio-fio, não recebo sequer um sorriso? Perguntava-me, com tristeza. E por que a polícia trabalha no Natal? E eu, menino, entendia que não devia ser assim...
Imaginava que talvez o Natal fosse um dia mágico porque as pessoas enchem as igrejas em busca de Deus.
Mas por que, então, não saem de lá melhores do que entraram?
Não vejo mudanças e cresce a ânsia de compreender essa ocasião diferente.
E mergulhado em tão profundas reflexões, vi aproximar-se um homem...Era um belo homem...
Não era gordo nem magro, nem alto nem baixo, nem branco, nem preto, nem pardo, nem amarelo.
Era apenas um homem com olhos cor de ternura e um sorriso em forma de carinho que, numa voz em tom de afago, saudou-me:
Olá, menino!
Oi!... respondi, meio tímido.
E, com grande admiração, vi-o acomodar-se a meu lado, na calçada, sob o sol escaldante.
Eu, menino, aceitei-o como amigo, de pronto, num só olhar. E atirei-lhe a pergunta que me inquietava e entristecia meus pensamentos:
O que é o Natal?
Ele, sorrindo ainda mais, respondeu-me, com serenidade:
Meu aniversário.
Como assim? Perguntei, percebendo que ele estava sozinho. Por que você não está em casa? Onde estão os seus familiares preparando uma festa para você?
E ele me disse: Esta é a minha família, apontando para aquelas pessoas que andavam apressadas. E eu não compreendi.
Você também faz parte da minha família, acrescentou, aumentando a confusão na minha cabeça de menino.
Não conheço você eu disse! Ele me respondeu de pronto:
É porque nunca lhe falaram de mim para você. Mas eu o conheço. E o amo...
Tremi de emoção com aquelas palavras, na minha fragilidade infantil. Você deve estar triste, comentei. Porque está sozinho, justo na véspera do dia do próprio aniversário...
Neste momento, não estou sozinho, estou com você! Respondeu-me, com um sorriso.
E conversamos; uma conversa de poucas palavras, muito silêncio, muitos olhares e um grande sentimento, na forma de aprendi ser de uma oração que fazia arder o coração.
A noite chegou... E as primeiras estrelas surgiram no céu. E conversamos... Eu, menino, e Ele. E Ele me falava, e eu O entendia. E eu O sentia. E eu O amava... Eu sorri cheio de uma felicidade que tinha esquecido.
Quando a madrugada chegou e, enquanto piscavam as luzes que iluminavam as casas, Ele se ergueu e eu adivinhei que era a despedida. E eu suspirava, de alma renovada.
Abracei-O pela cintura, e lhe disse: Feliz aniversário!
Ele ergueu-me no ar, com Seus braços fortes que pareciam BRILHAR, irradiando amor e paz, e disse-me:
Presenteie-me compartilhando este abraço com a minha família, que também é sua... Ame-os com respeito e ternura, com carinho e amizade. Seja um novo menino e tenha um feliz Natal!
E porque eu não queria vê-lo ir-se embora, saí correndo em disparada pela rua. Não o alcancei, mas senti que estava levando-O para sempre no mais íntimo do coração...
E saí em busca de braços que aceitassem os meus... E eu, menino, nunca mais O vi. Mas fiquei com a certeza de que Ele sempre está comigo, e não apenas nas noites de Natal...
E eu sorri... pois agora eu sei que Ele é Jesus que também foi menino... E é por causa Dele e do Seu nascimento em nós que existe o Natal.
Prof. Angelo M. Moreira da Rocha

Nenhum comentário:

Postar um comentário