Novamente utilizo um artigo
do jornalista com quem mantenho correspondência eletrônica – Hélio Schwartsan
da Folha de São Paulo – que diz assim em sua crônica de 05.05.13:
“Consideramos ciência
tudo o que acadêmicos publicam, sem levar em conta as especificidades dos
diversos ramos do saber. Enquanto a física me permite prever com precisão a que
hora será a segunda maré cheia em Santos em 28 de setembro de 2013, a economia
e as demais ciências sociais ficam muito aquém disso. No atual estágio de
desenvolvimento, estudos e modelagens econômicos valem tanto por seus erros
como por seus acertos, à medida que nos permitem entender melhor os fenômenos e
distinguir princípios causais de ruídos ideológicos”. Aproveitando a
colocação do amigo jornalista quero, ao final de anos suficientes para minha
aposentadoria didática tanto no campo da Economia, como no da Sociologia, além
da Administração, concordar com o fato das análises macroeconômicas partirem de
probabilidades concentradas em estatísticas cujas variáveis não se encontram no
campo do domínio de conhecimentos exatos e/ou científicos. Porem axiomas
imediatos como o da oferta e procura, onde a reação na ponta da cadeia econômica
é imediata, do tipo, se está mais caro compro outra coisa ou em menor
quantidade. Isto é tão óbvio
quanto o que já se ouvia quando eu era estudante: Se você quer organizar o que gasta
em função do que recebe, visando acumular uma poupança, você calcula suas contas
e, conforme a complexidade, deve se valer de um economista e das estatísticas
do mercado financeiro, mas se você gasta mais do que recebe não há economista
que resolva seu problema... A partir destas
premissas que simplificam a economia, as modelagens econômicas estão realmente
expostas a erros e acertos conforme a possibilidade de evitar as incertezas que
são problemas desconhecidos e administrar os riscos que são problemas
conhecidos, evitando neste último caso preferível os ruídos de origens que eu
diria ideológicas, políticas e até as técnicas que são as de menor imprevisibilidade
e maior domínio.
Concluindo com um
caso concreto, todos nós sabemos que quem tem a faca e o queijo na mão quanto
aos problemas macroeconômicos é o Governo. E o nosso ainda está influenciado,
além da acertada meta de controle inflacionário, pelo MITO DA REDUÇÃO DO
DEFICIT PÚBLICO. A este respeito muitos economistas americanos ficaram em situação
difícil e estão aceitando as críticas a esta tese. A prática ilumina a
economia, como no caso dos países europeus em crises econômicas – Grécia,
Espanha e Portugal - que resolveram “cortar na carne” reduzindo o deficit
público, trazendo uma “inflamação” no tecido social, revoltas populares e
nenhuma melhora em suas situações econômicas. Ficou provado que o simples corte
no verdadeiro deficit público – isto é, não considerando as “gorduras” da
corrupção e dos salários absurdos dissociados do mercado privado que
frequentemente temos no Brasil (onde o cozinheiro de carreira no Senado tem
salário de R$ 15.000,00 e o do cafezinho oito mil reais, além do número dos nossos Ministérios ser, por enquanto, quatro vezes maior do que existe nos EUA) – não resolve a
situação econômica de um país e trás consequências negativas na sociedade e no
PIB.