Quem tem lido nossos artigos, tanto os antigos de
jornal como os deste Blog, sobre este campo em que desenvolvemos por muitos
anos nossa profissão, não vai ficar surpreso com este fato marcante de onde nós
chegamos com a EDUCAÇÃO no Brasil. Vamos ao exemplo que aconteceu no dia de
ontem na maior cidade do nosso país:
Às
vésperas de completar 70 anos de tradição no ensino na cidade de São Paulo, o
Colégio Bandeirantes, também conhecido como "Band", viveu uma
situação incomum nesta segunda-feira.
Para usar
um lugar comum, o Band, situado na Vila Mariana, zona sul de São Paulo,
experimentou uma SAIA JUSTA quando
cerca de 250 alunos – muitos deles, meninos – praticaram um protesto chamado de
o "saiaço".
Destacamos
dentre as notícias a respeito, o relato de Bob Fernandes no portal terra que afirma
ter tudo começado na quinta-feira, dia 8 deste mês, e teve um segundo capítulo
na sexta-feira, 9, quando dois alunos não puderam assistir à aula por estarem
vestindo saia.
Mauro de
Salles Aguiar que é diretor do Colégio Bandeirantes, de São Paulo expõe fatos e
argumentos sobre o ocorrido na manhã desta segunda-feira, 10, largamente
divulgado nas redes sociais:
“Isso
começou às sete da manha da sexta-feira (9), quando um aluno foi barrado por um
inspetor que considerou inadequada a roupa, a saia. Se fosse um traje de banho,
seria barrado da mesma forma, e também se estivesse de gravata como se fosse
para um casamento. Porque não é adequado para a situação de uma escola, não é
uma formatura, um casamento ou praia, seria um constrangimento para professores
e alunos na sala de aula”.
Indagado porque, na véspera, na quinta-feira (8),
outro aluno não pode assistir a aulas porque também estava de saia depois de
fantasiar-se para uma festa junina, respondeu:
“Veja,
ele veio de papel trocado e ai foi assistir à aula de mini-saia. É um
comportamento inadequado. Um menino de mini-saia, cueca aparecendo, o professor
se sente constrangido, como se sentiria se fosse uma menina de biquíni. O
professor não é obrigado a assistir a isso e se sentiu incomodado, o aluno teve
que se trocar e acho que isso é razoável.
E sobre o que aconteceu na sexta-feira, disse:
“Eu
cheguei ao colégio às dez e quinze da manhã sem saber de nada e o aluno estava
na rua, em frente à escola, vestido de saia. Interpretei aquilo como uma
afronta à escola. Não me dirigi ao aluno, conheço e sei das tendências modernas
de saias para homens.
A
escola, desde março, tem um grupo trabalhando com o tema diversidade, tratamos
esse tema desde o início do ano, e sexualidade é o tema desse primeiro
semestre. Isso para, inclusive, assessorar a diretoria, porque não é só
vestimenta. Os papeis sociais, do homem, da mulher, estão sofrendo fluidez.
E como
trabalhar isso numa escola com dois mil e setecentos alunos, cento e cinquenta
professores, cem funcionários, fora os terceirizados, uma comunidade desse
tamanho?
Uma
cultura não se muda da noite para o dia. Claro que existe o problema do preconceito.
Eu mesmo tenho mais de 60 anos e para mim é estranho ver um aluno vestindo
assim às dez da manhã. Mas eu sou muito preocupado com a questão da segurança,
muito, e foi o que mais me preocupou ao ver o aluno daquela maneira na rua.
Inicialmente, vi aquilo como uma afronta, mas depois fui mudando a minha
opinião. Eu, a escola, entendemos que é algo ideológico, inclusive com apoio da
família. E não era uma saia de mulher, era uma saia elegante, feita para homem”.
Perguntado se o colégio puniu ou irá punir algum
aluno depois da manifestação, do "Saiaço" desta segunda-feira, o
Diretor concluiu:
“Não
houve e nem haverá punição alguma, não é nossa maneira de ver e agir”.
E fez
questão de ressaltar:
“ Vamos
completar setenta anos e o Bandeirantes não discrimina por gênero, por raça,
por nada. Temos professores, temos coordenadores que são negros, negras, e
nunca houve discriminação. Acabamos de mandar uma ex-aluna, hoje professora,
para um mestrado em Nova York. Ela é negra, e o colégio é quem está
pagando a ida dela".
Este é o retrato do nosso ensino e que vai repercutir nas Faculdades, tire suas conclusões a respeito...