Para
que meus leitores e seguidores não pensem logo que vou fazer uma análise cristã
desta festa profana denominada Carnaval, vou reproduzir grande parte de uma
crônica de um famoso jornalista de importante jornal paulista, Janio de Freitas, que
apenas sei que tem muito prestígio na mídia, conhece o Brasil e o Rio com suficiente isenção para emitir
opinião abalizada à qual, na condição de carioca que já participou quando
criança/adolescente destes dias de folia, entendo e concordo:
“Grande e duradouro sucesso de público e de crítica, a expressão Carnaval carioca passou um período sumida, de raro em raro alguém a visitava no asilo da história. Esta expressão como autêntica, pura e legítima não tem mais sentido. Não o perdeu por desuso, muito ao contrário. Ali, entre as velharias do asilo, a maioria deformada por falta de rigor histórico ou excesso de fraude interesseira, Carnaval carioca foi sempre o repositório zeloso de originalidades que tinham seu encanto.
A reanimação, recente e crescente, dos dias reservados ao
Carnaval tem no Rio, como centro de tudo que então se passa, o desfile das
“escolas de samba”: “a maior festa do mundo”, dizem, pelo planeta afora, um de
seus slogans no comércio internacional de turismo e os meios de comunicação de
lá e de cá. Festa de quem ou para quem? Carnaval é, por definição, festa
popular, o povo em festa.
No sambódromo, pesadão, um maciço de concreto, feio e
óbvio, “povo” exige nova definição. No mês passado, por mais de uma vez a
imprensa do Rio noticiou a procura de negros dos subúrbios por algumas “escolas
de samba” para participar dos seus desfiles. Isso, na pista.
Na assistência, o preço das arquibancadas e a reserva
para os pacotes turísticos sugerem onde foi parar o povo mesmo. Aliás, o
afastamento intransponível do “povo” em relação ao que se passa na pista, tal
como se assistisse a um balé no Municipal, e os numerosos e vastos salões
chamados de camarotes já diriam o suficiente sobre a relação do sambódromo com
festa popular.
E, para sintetizar o vasto assunto, agora começou no Rio de Janeiro
o Carnaval à maneira de Salvador, em que cantores têm camarotes e palanques de
onde conduzem o Carnaval, uma espécie de show aberto. Nada a ver com o verdadeiro Carnaval
carioca.
Nesse quesito das marchas, não se pode esquecer a força
do grotesco: o que seria o samba do desfile sob a responsabilidade do que se
denomina “escola de samba” é um ritmo inidentificável, horrendo, com as
“celebridades” e as modelos arrastando os pés como velhinhos de últimos
cansaços e, diante de alguma câmera, dando uns pulinhos como se o chão
estivesse pelando – é o seu “samba no pé”. E aos lados das chamadas alas, atrás,
por toda parte, uns sujeitos gritando “corre!”, “acelera!”, “correndo mais
depressa!”.
Com o tempo estas e outras mudanças seriam previsíveis.
Mas não desse jeito. Não precisava, ao menos, deixar de ser o Carnaval
carioca.”
Pior que este estado em que chegou esta festa carioca só o Bando de Besteiras Banais - BBB - que não por acaso é outro "carro forte" do mesmo canal de TV...
Pior que este estado em que chegou esta festa carioca só o Bando de Besteiras Banais - BBB - que não por acaso é outro "carro forte" do mesmo canal de TV...
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